
O que, dela, não perdôo nela,
É ter deixado, em mim, essa idéia
De que para além da vida, há uma janela.
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O que nela, dela, ainda não perdôo
É ter mostrado que para minha aldeia
Há um caminho árduo ou um simple vôo.
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O que não consigo acomodar em mim,
No que dela inda trago nas veias,
É a certeza impune de um meu triste fim.
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E temo varandas, sacadas e todas as janelas,
E me sinto aflito a me debater na teia
Onde me espreita a aranha que ainda é dela.
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Mas na teia apreendo, teço e terço,
O que de mim é tudo e dela é meia,
E da prisão infame me livro em versos.
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Da cruz me dispo, braços me acolhem
Minhas Marias e um José de Arimatéia.
E pela janela, aberta, dos insetos, me faço pólen.
Bar do Frango, 18 de abril de 2007
prefeir comentar como se lesse de tras para diante. No verso final você reconcilia com as possibilidades falando em fazer-se pólen. Seria assim uma espécie de fina poeira esvoaçante a flor-ir-ficar por fecunda-ação óvulos de vida em pura sexualidade humana? Pois não seria o caso de perdoar nela o que foi dela e que talvez jamais ( penso eu ) o quisesse condenà-lo a um triste fim? Vai, Zédu! Ser gauche na vida..." ... Não tema varandas, sacadas e quaisquer janelas, que são para se olhar delas o que talvez para ela estaria por vir. Se uma aranha teceu a teia dela não é a mesma que tece a sua para que se solte dela...
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